[Análise] Godfall
27/11/2020 16:04 por H. SanchezCategorias PC Playstation 5
Godfall foi anunciado ainda em 2019 como jogo de lançamento para o Playstation 5. A proposta dos desenvolvedores da Counterplay Games é apresentar um RPG de ação com foco no loot e batalhas com opção de multiplayer cooperativo, para tanto descreveram o jogo como um loot-slasher: uma variação dos jogos baseados na progressão de completar missões e adquirir melhores equipamentos, porém com foco exclusivo em combates curta distância.
Com sede de sentir o sopro visual proporcionado pelo poderio gráfico da atual geração resolvi mergulhar no jogo na plataforma PC, até mesmo porque o Playstation 5 ainda é um sonho um pouco distante. Apesar da exclusividade inicial no console da Sony, o jogo tem previsão para sair no Xbox series S|X em 2021.
Foram utilizados dois perfis de hardware para a análise:
i5 9300h @ 3.4 ghz (notebook)
16 GB RAM
GTX 1650
SSD 256 GB nvme
i7 6700k @ 4.6 ghz (desktop)
16 GB RAM
RTX 2080 super
SSD 1 TB nvme
Joguei de forma quase exclusiva com a RTX 2080 super, afinal queria ter a experiência mais próxima possível do hardware de um Playstation 5.
No geral considero o desempenho do game satisfatório, foi possível encontrar um equilíbrio mesmo no hardware mais modesto, sendo possível jogar com a GTX 1650 em FullHD com estáveis 60 fps, porém com a qualidade gráfica mais baixa. Recomendo subir uma coisa ou outra na qualidade – mesmo que abaixo dos 60 frames, pois o jogo no preset low não faz jus ao seu belo visual.
Já a RTX 2080s empurrou facilmente o game na configuração máxima com 60 frames por segundo na resolução QuadHD (1440p), porém é sabido que mesmo em hardwares mais parrudos o jogo apresenta momentos de stuttering, engasgando em situações aleatórias principalmente no início do jogo. Imagino (e espero) que corrijam essas falhas em futuros updates. De toda forma, tenha em mente que Godfall é um título pesado e realmente pode ser recomendado ter ao menos 12 GB de memória ram conforme postado nos requisitos mínimos. A desenvolvedora resolveu incluir suporte ao ray tracing após 1 semana do lançamento, uma pena que não foi possível testar a tecnologia pois até o momento o título somente é compatível com o ray tracing na nova linha de placas AMD Radeon RX 6000, deixando as placas RTX da Nvidia de fora. Motivo: o jogo tem parceria com a AMD, uma estratégia no mínimo polêmica de marketing.
A título de curiosidade, cheguei a “subir” um vídeo para o Youtube em que gravei uma das batalhas contra um dos chefes, repare que estou jogando solo e a quantidade de memória RAM utilizada pelo game ultrapassa os 9 GB.
Apesar de existir uma “lore” relativamente densa, o contexto do enredo não é apresentado de forma clara, cabendo ao jogador procurar e juntar as peças da história espalhadas em fragmentos descritivos nos itens e no codex do jogo. A trama se inicia com Orin, um dos 12 cavaleiros valorianos criados pelos arcontes (seres com características divinas), perdendo uma batalha para seu irmão (e também cavaleiro) Macros, que busca se tornar um deus e consequentemente desencadear um evento apocalíptico ao mundo. Basicamente o jogador deverá passar pelos desafios e chefes nos reinos de Aperion para tentar impedir Macros de concretizar seu plano.
O game pode ser jogado solo, mas fica bem mais divertido no modo cooperativo com até 2 pessoas online
O jogador tem a possibilidade de utilizar 12 tipos de armaduras que vão sendo desbloqueadas no decorrer do game, as chamadas “Valor plates”, elas têm um design bastante interessante, no melhor estilo “Cavaleiros dos Zodíaco”, se bobear devem ter se inspirado no design da série japonesa. É divertido ir desbloqueando novas opções de customização das valorplates na medida que o jogador avança no jogo, porém é necessário fazer uma crítica nesse ponto: todas as armaduras apenas mudam seu ataque especial e um pequeno atributo (5% a menos de dano, por exemplo), o que torna esse aspecto do gameplay bastante raso pois na prática às valorplates são quase que somente skins, que com exceção do ataque especial, não alteram em nada o estilo de combate.
Algumas das valorplates de Godfall
Eu me considero um inveterado apreciador de action RPG’s focados em coletar itens e aprimorar os personagens, já perdi a conta de quantas horas já passei buscando por clones de Diablo para tentar satisfazer o meu desejo mundano de sair coletando equipamentos na eterna procura da melhor "build”. Tive uma grata surpresa ao me deparar com uma boa variedade de equipamentos no Godfall, que somado aos combos, listas de atributos, skills desbloqueáveis e ataques especiais formam uma lista de requisitos obrigatórios para uma experiência digna em um jogo do gênero. Contudo senti ausência de mais tipos de armas, existem inúmeras variações de apenas 5 tipos de armas, o que é pouco e limita bastante os estilos de gameplay.
Além usar o escudo para defender, também é possível defletir os ataques dos inimigos com a técnica de “parry”. O escudo ainda possui algumas características ofensivas, sendo possível lançá-lo ou utilizá-lo para petrificar os inimigos. A funcionalidade do escudo é interessante a adiciona uma camada de versatilidade ao combate.
É possível dar parry e defletir os projéteis dos inimigos com o escudo
O jogo busca ser um misto do gameplay de God of War com o loot e mecânicas de atributos de Diablo, porém falta para Godfall as nuances da diversidade de equipamentos da franquia da Blizzard. O combate sem dúvidas é o ponto mais forte em Godfall: enfrentar hordas de inimigos com alguém em coop (ou mesmo solo) é bastante divertido, mas deixo uma ressalva aqui: as missões no modo difícil são mais desafiadoras pois limitam a quantidade de vezes que o jogador pode morrer, o que na minha opinião traz um desafio mais balanceado que não existe nos outros dois modos (easy e normal possuem “respawns” ilimitados, o que pode deixar o jogo fácil demais). Assim como acontece no veterano Diablo 3, existe um sistema de melhoramento das recompensas de loot vinculada a dificuldade mais alta setada pelo jogador no início de cada missão. Aconselho fortemente todo jogador que queira uma experiência mais desafiadora (e divertida) que tente jogar no difícil, principalmente se estiver com um ou dois amigos em coop.
Após a conclusão da campanha, Godfall apresenta ao jogador as chamadas "dreamstones”, modalidade semelhante aos Rifts em Diablo 3: são desafios em que o jogador terá que enfrentar diversas hordas de inimigos aleatórios e com modificadores diferentes, o que adiciona uma sobrevida a sua campanha curta (são cerca de 13 a 18h de duração, dependendo da quantidade de “grind” realizado pelo jogador e da dificuldade escolhida).
A mecânica de combate é bastante satisfatória
Enquanto eu subia de nível no Godfall para ter o embasamento de escrever esse review, percebi que o jogo não vem sendo muito bem recebido pela comunidade. Alvo de críticas e notas baixas, de fato o jogo tem algumas falhas: sua performance ainda carece de otimizações no PC, não existe a espécie de um “matchmaking” para encontrar jogadores online, o multiplayer não possui arenas PvP, faltam mais tipos de armas, as valorplates (apesar de serem iradas) são quase praticamente itens cosméticos. Mas talvez o maior defeito de Godfall esteja em outro campo, aquele campo que transcende o universo virtual e se materializa de maneira física na fatura do seu cartão de crédito: seu preço alto. O valor da edição básica do jogo é de R$ 349.90 na versão para Playstation 5, sendo menos salgado na versão para PC, saindo por R$ 199,90 na Epic Store.
Godfall está longe de ser um jogo ruim e admito que apesar de seus defeitos, eu gostei muito de jogar o título, foi bastante legal perceber a minha evolução no combate do game e acabei encontrando no modo difícil um “hack ’n’ slash” bem redondo que me instigou a jogá-lo melhor. Mas é impossível negar o fato de que mesmo Godfall sendo um “jogo de nicho”, ele poderia oferecer mais conteúdo diante do preço cobrado, principalmente no Playstation 5.
Godfall é um jogo divertido com combate competente e um visual e estilo de arte sem igual, mas pode ser caro demais pelo conteúdo que oferece atualmente.
Nota: 8/10 Bom
Ficha Técnica
Título: Godfall
Plataformas: PC e PlayStation 5.
Desenvolvedora: Counterplay Games
Distribuidora: Gearbox Publishing
Pontos positivos:
- Visual belo, as localidades e o estilo da arte do jogo são muito bonitos
- As valorplates (armaduras) são muito bem feitas e têm um design muito legal
- Combate divertido
- O sistema de loot é satisfatório
- Oferece um bom desafio no modo difícil/Hard
Pontos negativos:
- Poucos tipos de armas (são inúmeras variações de somente 5 tipos de armas)
- As valorplates são quase que puramente skins
- Ausência de um “matchmaking” para encontrar jogadores interessados em coop
- Valor caro pelo conteúdo oferecido
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