[Análise] We Happy Few

15/08/2018 13:19 por H. Sanchez
Categorias   PC  

We Happy Few, inicialmente um projeto do estúdio Compulsion Games, teve seu lançamento oficial dia 10/08/2018, lançado para as plataformas Playstation 4, Xbox One e PC. O jogo foi apresentado ainda em 2015 no site de financiamento Kickstarter, e superou a meta de cerca de 190.000 dólares, conseguindo arrecadar o total de 250.000 dólares com o apoio de 7.433 financiadores.

O game de aventura em primeira pessoa se passa em uma realidade alternativa e distópica da Inglaterra na década de 60, e nos momentos iniciais do jogo você se vê no controle do primeiro personagem jogável, o Arthur Hastings, editor do departamento de arquivos que em um "estalo" de lucidez se recorda de ter se separado do seu irmão Percival enquanto jovem; ao todo são 3 personagens que o jogador deve controlar para terminar todos os atos do jogo). A jornada do game se inicia com essa fagulha de lucidez sofrida por Arthur Hastings, que passa a buscar memórias perdidas, tudo isso na tentativa de reencontrar seu irmão.

Screenshot de We Happy Few

Screenshot de We Happy Few

O enredo gira em torno da maioria da sociedade viver sob influência de uma droga amplamente disseminada pelo próprio governo de maneira obrigatória, tal substância se chama "JOY/Alegria" e como o próprio nome diz, aliena os cidadãos de Wellingtons Wells a ponto de enxergarem todo o mundo de uma maneira irreal, distorcida, e aos poucos perderem sua essência, esquecerem do passado, passando a ter uma noção completamente diferente da realidade, que por sua vez não é nada feliz e colorida; tal ponto, inclusive é um dos deleites visuais do game: a realidade verdadeira e lúcida (sem o uso da substância "JOY") tem a atmosfera cinza e obscura, enquanto sob a influência da substância tudo fica colorido e feliz. Os desenvolvedores conseguiram um efeito muito interessante na transição de uma atmosfera para outra (o jogador pode se assustar ao ficar sem "JOY" e ver o game mudar de uma atmosfera colorida estilo Bioshock Infinite, para a realidade cruel e cinza, que por sua vez nos relembra o estilo da escuridão - mais parecida com o primeiro Bioshock).

Falando nisso, We Happy Few visualmente relembra a atmosfera retrofuturística colorida de Bioshock Infinite, porém contém um visual mais cartunesco dos personagens que se assemelha um pouco com o aspecto do game Dishonored.

O game tenta mesclar seu gameplay stealth com pequenas doses de ação e possui bastante influência de mecânicas de sobrevivência, obrigando os personagens além de consumir objetos de cura quando feridos, a se alimentarem, ingerirem líquidos, dormir e... tomar as pílulas de "JOY", ou não! Eu particularmente gostei da forma que esse sistema foi implementado, inclusive em determinados momentos, o personagem controlado pelo jogador se vê obrigado a tomar a substância, situação em que o jogador passa a manter o uso de "JOY" para evitar conflitos com os moradores locais, ou até mesmo a polícia no jogo, que percebem rapidamente um indivíduo em abstinência da droga, o que pode provocar uma intensa perseguição e uma consequente tela de Game Over. Perdoem-me o infame comentário, mas em se tratando de "JOY" nem tudo é alegria, seu abuso pode desencadear uma overdose que dará um apagão em seu personagem, e seu uso constante afeta a memória, que aos poucos vai sendo prejudicada (eis o motivo do primeiro personagem, Arthur não se recordar do irmão Percival, por exemplo). A sociedade do We Happy Few é dividida nos que fazem uso de "JOY", os chamados "Wellies"; e os que vivem marginalizados nos arredores da periferia da cidade, conhecidos por "Downers" ou "Deprês" (na própria tradução do jogo), esses capazes de enxergar a triste realidade que os cerca.

Prefiro não entrar em um questionamento moral e ético que o jogo pode instigar, e em resumo, o jogador se vê bem no meio dessa sociedade distópica e insana, enquanto tenta manter a própria sanidade.

O jogo feito na Unreal Engine proporciona gráficos muitos bonitos, porém na versão analisada (PC/Steam), mesmo possuindo uma máquina que supera com folga os requisitos recomendados, percebi alguns slowdowns em diversas partes aleatórias do game, o que contudo não prejudicou muito o gameplay.

Calma, nem tudo é alegria! Apesar do game literalmente brilhar em seu aspecto estético e possuir um enredo no mínimo interessante, ele peca miseravelmente em apresentar um gameplay de combate bastante truncado e robótico, e o que é pior: mesmo após anos em acesso antecipado, continua a apresentar bugs já previamente conhecidos, como a IA falha com comportamento estranho diante das mecânicas de stealth, bem como a interação e as animações dos NPC`s sofrerem bugs constantes.

Nota: 3,5/5 - Bom

Ficha Técnica
Título: We Happy Few
Plataformas: PC (versão analisada), PlayStation 4 e Xbox One.
Desenvolvedora: Compulsion Games
Distribuidora: Gearbox Publishing

Pontos positivos:
Narrativa/enredo interessante;
Excelente aspecto visual.
Legendado em PT-BR

Pontos negativos:
As partes com slowdowns podem prejudicar o gameplay em PC mais modestos;
Jogabilidade de combate truncada;
Preço cheio no lançamento pode se um fator impeditivo, principalmente nos consoles (onde está custando a bagatela de R$ 249,00);
Diversos bugs;
Algumas quests podem ser bastante monótonas.


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